quinta-feira, 19 de maio de 2011

Hotel #1

Éramos esses dois distantes,
Dois unidos por uma liturgia alheia.
Faz tempo, eu sei.
Suas poucas palavras,
Os indecifráveis sumiços.
Nossos encontros casuais,
Seu sorriso desinteressado;
Ali já lhe faltava algo,
Você nunca lidou bem com a margem.
Você sempre esteve na margem...
Eu a conheço muito bem, se quer saber.
Conheço as suas lágrimas, eu sei dos seus pesadelos.
Eu os vivi, todos.
Fui forte na sua fraqueza
E ainda sou fraco nas suas pretensões.
A conheço como um músico conhece sua composição.
Seu retrato, o sol de julho,
Sua ausência, uma gangorra em outubro.
Faz tempo, eu sei.
Seu silêncio fez palavras,
Minhas.

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