terça-feira, 26 de julho de 2011

Junho e Julho

Jeff told me this afternoon
That maybe she didn't know me at all
Maybe I didn't know her at all.
Yes, Jeff, you're so damn right.
And I'm just a stubborn kid
Trying to fit circles in squares,
Always around on this merry-go-round.
But tell me, Jeff,
Didn't she haunt you at night?
Look around, and she's just there,
Remembering you on each song you listen,
Each movie you watch.
And, she's even there,
Seated on the row near you.
(She fakes it)
She's on that party you hide yourself in,
She's with your friends, with your lovers,
On your fears, on your joy.
No, Jeff, you won't forget her with your poetry,
No, you won't.

***
Você está longe,
Algo agora se perde.
Você está distante.
Não findo esses versos,
Tão teus, sempre foram teus.
Algo não finda,
Apenas ouço seus vagos rumores.

***
No claustro desses pensamentos
Quero voltar ao apartamento
Que um dia eu deixei

***
Te aquieta, Gabriel.
Vê que as árvores também amam
E amam de forma lenta e compassada
Não cansam de amar
E amam pelo amor.
O amor é o maior dos esforços.
Ah, Gabriel,
Os lábios não amam
Como as árvores amam.
Nem os seios amam por si só.
Aquieta, escuta que o amor é o maior dos dons.
Estremece ao dele fazer menção.
Não se engane com os olhos
Nem com as mãos.
O amor está na fuga,
Não se revela assim tão fácil.
Amor está no enfadonho
Discursar, no descuidado
Cuidar.
Ouça o fugaz...
Mas, atenta filho meu,
Não despertes o amor
Até que este o queira.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Last thoughts on a life, last thoughts on a city

30/04/2011

"Povoei meu ser com imagens
Coletei cada caco de vidro nas ruas;
Os acolhi como a filhos
Até não saber mais seus nomes.
Hoje eles reclamam sua herança,
Mas já não há mais lugar"

07/07/2011

"Lágrimas em meio às caixas
O que elas levam, eu não sei.
As folhas que agora são lixo,
Já tiveram seu lugar.
O que é isso?
Diz, explica!
Que faz de cada olhar uma premissa
Cada chegada uma partida?
Não, não está escrito
A ninguém foi dito...
Está marcada na pele do homem,
Está em seus olhos,
Em suas mãos,
Pesando em seus ombros.
Assim mesmo, ele deve caminhar (...) "

sábado, 25 de junho de 2011

"Civilização da imagem? Na verdade uma civilização do clichê, na qual todos os poderem têm interesse em nos encobrir as imagens, não forçosamente em nos encobrir a mesma coisa, mas em encobrir alguma coisa na imagem. Por outro lado, ao mesmo tempo, a imagem está sempre tentando atravessar o clichê, sair do clichê. Não se sabe até onde uma verdadeira imagem pode conduzir: a importância de se tornar visionário ou vidente."


(G. Deleuze)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Hotel #3

Não, não meu bem. Não me peça mais para ficar, não me chame para suas vontades; não pense que é desfeita, mas é que naquele salão, sob a luz dos postes e das fracas lâmpadas no teto, ficou você. Ali ficou a idéia de uma mulher, essa que visitava meus pensamentos quando eu menos esperava. Essa, doce, completa; (talvez eu a conhecia). Ali ficou aquela mulher.

Não imagine que eu me sinto mal. De fato, não estou assim. Mas cada passo em direção ao chão de madeira trazia um pouco daquela mulher. Esqueça, já não vale a pena pensar nisso. Porém, te esperava, de alguma forma te aguardava. Ali ficou aquela idéia.

Ah, meu bem, nada mais me demove. Nem os exércitos, nem as canções, nem as danças; nem mesmo você... Não se preocupe. Mas, por favor, não me espere mais no final da festa; não espere que eu venha até você. Pois ali, naquele chão de madeira mal iluminado, ficou a idéia de ti.

Hotel #2

I've just woken up
The sun just set.
She's by my side,
I watch her eyes closed;
She's drowing in her own dreams.
I wonder wether she knows i'm leaving...
By the time she wakes up, she'll kiss me
And, somehow, i won't be there.
I'll kiss her and stare at her
It seems she's looking for someone
Within me. I lost that one, dear, a long time ago.
But isn't your fault, i would say
Neither mine.
I wonder why she laughs,
She'll be broken, you know,
I'll be too.
She, oh, she would never grasp.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Quarta-Feira de Cinzas

"And pray to God to have mercy upon us
And pray that I may forget
These matters that with myself I too much discuss
Too much explain
Because I do not hope to turn again
Let these words answer
For what is done, not to be done again
May the judgement not be too heavy upon us

Because these wings are no longer wings to fly
But merely vans to beat the air
The air which is now thoroughly small and dry
Smaller and dryer than the will
Teach us to care and not to care
Teach us to sit still."

T.S Eliot- Ash Wednesday

sábado, 21 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Hotel #1

Éramos esses dois distantes,
Dois unidos por uma liturgia alheia.
Faz tempo, eu sei.
Suas poucas palavras,
Os indecifráveis sumiços.
Nossos encontros casuais,
Seu sorriso desinteressado;
Ali já lhe faltava algo,
Você nunca lidou bem com a margem.
Você sempre esteve na margem...
Eu a conheço muito bem, se quer saber.
Conheço as suas lágrimas, eu sei dos seus pesadelos.
Eu os vivi, todos.
Fui forte na sua fraqueza
E ainda sou fraco nas suas pretensões.
A conheço como um músico conhece sua composição.
Seu retrato, o sol de julho,
Sua ausência, uma gangorra em outubro.
Faz tempo, eu sei.
Seu silêncio fez palavras,
Minhas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ah, Senhor dos miseráveis #1

Ah, Senhor dos miseráveis.
Estamos perdidos,
Nós, que escolhemos os Teus mistérios,
Perscrutar as Tuas palavras.
Na madrugada procurávamos escavar os Teus tesouros,
Pela alva éramos a encarnação da Tua verdade;
Éramos como ovelhas no matadouro,
Entregues à sorte dos homens, todos os dias.
Nós, escolhidos para resistir ao rei,
Escolhemos a cova dos leões.
Ó Senhor, aonde estão os Teus anjos?
Ainda que eles não venham,
Concede-nos uma última canção do nosso povo.
Ó Senhor, não nos leve
Sem que tenhamos um vislumbre
Do Teu monte,
Pela última... e derradeira vez.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

You, my love #3

Senta ao meu lado,
Comunga comigo os teus mistérios.
Compartilha comigo o que é teu,
E seremos um só calar, um só verso.

You, my love #2

Volta, pois já te perco
Nessas linhas;
Vem, pois as imagens tem seu rosto,
Minha memória logo te quer.
Essas ruas não fazem sentido
Sem a tua história
E a tua presença me faz amá-las,
Todas apontam para ti.

You, my love #1

Já vem o tempo da memória.
Logo serás o acorde final da peça,
Cada nota tua será eco.
Irei te escutar diminuta pela rua
Ao andar distraído,
E atento ouvirei o que tens a dizer.
Estarás dispersa
(...)
Por onde eu passar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Março e suas histórias

Acho que já tinha esquecido do ar de Março, lá onde nasci. É cinza, seco, quente, parado; ao mesmo tempo, prenuncia chuva. Sempre um toque de sol, mesmo que mínimo. Andando pelo centro, sinto uma prazer imenso ao pensar que aquele ar combina tanto com minha cidade, ou ex-cidade, como se fosse só dela. Sinto falta daquilo.

Ao mesmo tempo, lembro que sempre odiei aquele clima estranho. Lembrava-me sempre de terça feira à tarde, assistindo algum filme ruim na televisão, ambientado em Nova York. Odiava a perspectiva desse tédio, dessa imobilidade.

Hoje, sinto falta dela e tenho prazer naquele cinza estranho, meio desértico. Aquele clima estranho à mim mesmo, aquela solidão tão compartilhada. Certa paralisia dos movimentos. Lá tudo soa certa indefinição, suspensão, como se sempre estivesse a se cumprir. Promessa. Diria redenção.